quinta-feira, 8 de maio de 2008

Revista Presença


A revista literária "Presença", que teve o primeiro exemplar publicado em 10/03/1927 e foi fundada e editada por Branquinho da Fonseca. Em 1930, quando a revista já estava no número 27, Branquinho da Fonseca, por considerar haver imposição de limites à liberdade criativa, abandona a direção da revista, que fica a cargo de Adolfo Casais Monteiro.
Dentre os seus principais colaboradores destacam-se as figuras de José Régio, Adolfo Rocha, João Gaspar Simões, Miguel Torga, Irene Lisboa, Fernando Pessoa, entre outros.

A revista Presença foi, em Portugal, o principal veículo divulgador das principais obras e escritores europeus da primeira metade do século. Além disso destaca-se ainda o espírito critico de seus fundadores e de alguns de seus colaboradores. No ano de 1940, em meio à Segunda Guerra Mundial, a revista Presença encerra as suas actividades, encerrando também o Modernismo em Portugal.

domingo, 13 de abril de 2008

O maior escritor brasileiro vivo

No blogue Da Literatura, Eduardo Pitta começa assim a sua mensagem de sexta-feira, 11 de Abril, sobre Rubem Fonseca, provavelmente o maior escritor brasileiro vivo:

"Para introduzir Rubem Fonseca (n. 1925), o maior escritor brasileiro vivo, nada como começar por citar três frases do argentino Tomás Eloy Martínez: «Nunca vou me esquecer da primeira vez que li Rubem Fonseca» / «Fonseca instala o medo ou o mal no próprio interior da linguagem» / «Nenhum escritor é mais cinematográfico que Fonseca». Em 1982, Martínez estava exilado em Caracas, e um acaso fez com que lesse Feliz Ano Novo (1973). Quando acabou Passeio noturno, um dos contos do livro, nada foi como dantes: «Essas poucas páginas bastaram para o universo de Fonseca tatuar minha alma com a malignidade de uma planta carnívora e a destreza de uma ave de rapina.» Não conheço outro juízo tão exacto."

E mais adiante:

"O som de ossos a quebrarem é música na obra de Fonseca. Quem leu Passeio noturno decerto não esqueceu o «barulho do impacto partindo os dois ossões» da mulher atropelada. Nesse conto de 1973, um executivo da alta classe-média alivia a testosterona atropelando por opção. No de agora, Diana, uma aficionada de bondage, paga com a vida o primeiro orgasmo. Nem a americana A. M. Homes consegue exprimir um tal grau de frieza."

quinta-feira, 10 de abril de 2008

História de cão

Eu tinha um velho tormento
Eu tinha um sorriso triste
Eu tinha um pressentimento

Tu tinhas os olhos puros
Os teus olhos rasos de água
Como dois mundos futuros

Entre parada e parada
Havia um cão de permeio
No meio ficava a estrada

Depois tudo se abarcou
Fomos iguais um momento
Esse momento parou

Ainda existe a extensa praia
E a grande casa amarela
Aonde a rua desmaia

Estão ainda a noite e o ar
Da mesma maneira aquela
Com que te viam passar

E os carreiros sem fundo
Azul e branca janela
Onde pusemos o mundo

O cão atesta esta história
Sentado no meio da estrada
Mas de nós não há memória

Dos lados não ficou nada



Um "artista" estrangeiro usou, numa esposição, um cão que deixou morrer de fome e sede. Este artista alegou que era para o bem da arte e está pronto para voltar a fazer o mesmo. Assina esta petição para que tal não aconteça:

Texto de Crítica: Inés da Minha Alma, de Isabel Allende

Inés da Minha Alma é um romance da escritora Isabel Allende publicado em 2006 pelo CÍRCULO DE LEITORES onde a imaginação não está sozinha, já que muitos dos episódios retratados são factos históricos.

A história é narrada pela personagem principal, Inés Suárez, uma mulher espanhola que, por volta dos 70 anos, sentindo-se perto da morte, decide fazer um relato escrito da sua vida para deixar à sua filha, Isabel, e aos seus descendentes. Durante a sua vida, no século XVI, Inés parte para a América onde conhece e se apaixona por Pedro de Valdivia com quem decide partir numa expedição por ele comandada com o objectivo de conquistar um novo território, o Chile, ao serviço da Coroa espanhola. Por aqui podemos perceber que a guerra é um dos temas com mais destaque nesta obra, mas também o amor está bem presente. Esta associação de temas tão contraditórios faz desta uma obra diferente.

Outra coisa pouco comum neste livro, é o facto de, sendo a guerra um tema tão presente, a personagem principal ser uma mulher. A verdade é que Inés Suárez não era uma mulher comum na sua época e podemos dizê-lo tendo em conta o papel fundamental que teve na conqusita do Chile: curou feridos de guerra e doentes, cozinhou, ajudou a erguer a cidade de Santiago do Chile e a fundar grande parte dos seus edifícios e, para além disso, combateu em algumas batalhas. Inés foi, portanto, uma mulher corajosa, inteligente, forte e que, neste livro, representa também o papel das mulheres nas conquistas.

Esta obra permite ao leitor ficar a conhecer também um pouco melhor o modo de vida e a maneira de pensar daquela época. Mostra ainda os esforços feitos para se conseguir conquistar um território e os abusos cometidos para civilizar os povos indígenas.

Apesar de a história ser, no geral, bastante boa e as personagens muito interessantes, o livro torna-se um pouco difícil de ler, devido às descrições serem, por vezes, demasiado pormenorizadas. Existem, contudo, outras partes em que a leitura se torna entusiasmante, como, por exemplo, nalgumas das batalhas passadas no Chile, em que se deseja sempre chegar ao fim para saber quem são os vencedores e os derrotados.

Inés da Minha Alma é um livro bastante interessante e uma boa aposta de leitura para quem gosta de histórias sobre temas como o amor ou a guerra e onde a ficção e a realidade se juntam, obrigando o leitor a imaginar que uma parte dos episódios relatados e das personagens que neles participam foram reais.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Indie Lisboa

Indie Lisboa, estavam à espera de quê?
Podem consultar aqui o programa do festival de cinema independente de Lisboa e um dos festivais mais importantes de Portugal. As sessões têm lugar no Fórum Lisboa, no Teatro Maria Matos e nos cinemas Londres e São Jorge, de 24 de Abril a 4 de Maio.
O programa inclui filmes (longas e curtas-metragens) em competição internacional e nacional e várias secções: Observatório (onde passa o filme de Jorge Silva Melo sobre o pintor-escritor Álvaro Lapa, falecido em 2006), Laboratório, Herói Independente (onde passam filmes do cineasta Johnnie To, de Hong-Kong, do espanhol José Luis Guerín e do "novo cinema romeno"), IndieJúnior (longas e curtas para os mais pequenos, incluindo o filme dinamarquês Professora Extraterrestre, de Ole Bornedal), Director's Cut e IndieMusic (onde passam documentários sobre vários músicos e grupos, entre os quais Joe Strummer, Joy Division, Lou Reed, Patti Smith ou Scott Walker - deste músico, "veja-se" a tensão dramática de uma canção como "Jesse", enquanto canta "I'm the only one left alive...":
Um filme a não perder!

(De Scott Walker diz João Lisboa o seguinte, no seu blogue Provas de Contacto, em 29 de Setembro de 2007: "Machado de Assis, no capítulo LXXI de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), coloca na pena do seu defunto protagonista as palavras: "O livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contracção cadavérica, vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer e o livro anda devagar; tu amas a narrativa direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...".
Entre inúmeras outras conclusões possíveis e (talvez bastante mais) necessárias, ensaiemos uma, certamente menor mas esclarecedora: numa atmosfera global "clean cut", socialmente anestesiada e cientificamente "esvaziada a partir do interior", o que poderá existir senão uma imensa massa de "maiores defeitos" para acolher um álbum como, por exemplo, The Drift, de Scott Walker, que exala o odor da peste, urra, gargalha, guina à esquerda e à direita, ameaça o céu e nos enfia o horror do mundo pelos olhos dentro?")

A comparação entre Scott Walker e Machado de Assis é tanto mais pertinente quanto se comemora em 2008 os 100 anos da morte do autor de Dom Casmurro, a que voltaremos neste blogue.

domingo, 6 de abril de 2008

Ex-citação 6

«O que eu ignorava era que para ser escritor era preciso escrever, e escrever bem, algo que requer coragem e, sobretudo, uma paciência infinita, uma paciência que Oscar Wilde definiu muito bem. Disse ele que passara toda a manhã a corrigir as provas de um dos seus poemas e que, por fim, tirou apenas uma vírgula. À tarde, voltou a colocá-la.»

Eduardo Halfon, O Anjo Literário, Lisboa: Cavalo de Ferro.

(Segunda-feira, 11 de Fevereiro de 2008)


terça-feira, 1 de abril de 2008

Portal da Literatura

O Portal da Literatura permite fazer pesquisa por autores, títulos, provérbios e pensamentos, tem ligações para páginas de escritores, notícias, entrevistas, novidades, eventos, 'tops' de livros, um fórum et cetera.
Na ligação para o sítio de Lídia Jorge, que disponibiliza em linha o seu endereço de correio-e, podemos ler que "nasceu em Boliqueime, Algarve, em 1946. Licenciou-se em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa, tendo sido professora do Ensino Secundário. Foi nessa condição que passou alguns anos decisivos em Angola e Moçambique, durante o último período da Guerra Colonial. A publicação do seu primeiro romance, O Dia dos Prodígios (1980) constituiu um acontecimento num período em que se inaugurava uma nova fase da Literatura Portuguesa. Seguiram-se os romances O Cais das Merendas (1982) e Notícia da Cidade Silvestre (1984), ambos distinguidos com o Prémio Literário Cidade de Lisboa. Mas foi com A Costa dos Murmúrios (1988), livro que reflecte a experiência colonial passada em África, que a autora confirmou o seu destacado lugar no panorama das Letras portuguesas. Entre outros romances, conta-se O Vale da Paixão (1998) galardoado com o Prémio Dom Dinis da Fundação da Casa de Mateus, o Prémio Bordallo de Literatura da Casa da Imprensa, o Prémio Máxima de Literatura, o Prémio de Ficção do P.E.N. Clube, e em 2000, o Prémio Jean Monet de Literatura Europeia, Escritor Europeu do Ano. Passados quatro anos, Lídia Jorge publicou O Vento Assobiando nas Gruas (2002), romance que mereceu o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores e o Prémio Correntes d’Escritas."

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

E-Dicionário de Termos Literários

Um dicionário em linha de termos literários pode ser encontrado aqui. Este projecto de investigação é produzido por uma equipa de mais de cem professores e investigadores portugueses e brasileiros, foi iniciado em 1997 e evoluiu, a partir de 2005, para esta edição electrónica, ainda em construção. 
Na letra M, na entrada "memória", podemos ler que, quando aplicado no plural (memórias), o termo "relaciona-se muitas vezes com a autobiografia, o diário e com a literatura confessional, em geral. Nestes casos, a narrativa é escrita na primeira pessoa e o relato das experiências pessoais funciona frequentemente como auto-revelação, na sequência do humanismo antropocêntrico do período renascentista que, encorajando a análise e a exploração da subjectividade, influenciou a produção de autobiografias. As memórias constituem-se igualmente como artifícios ficcionais, sendo o autor uma personagem de um universo essencialmente fictício. O romance Robinson Crusoe (1719), de Daniel Defoe, é apontado como percursor deste artifício, pelo qual a autobiografia se torna ficção. O mesmo se poderá aplicar a Les Confessions (1781) de Rousseau, obra inserida no vasto género da literatura confessional que se caracteriza pelos relatos pessoais e subjectivos das experiências, crenças, sentimentos, ideias e estados de espírito, não deixando estes de se revestir de carácter ficcional. Assim, o romance confessional sugere um tipo de autobiografia ficcional, onde o autor poderá assumir uma personalidade que não é a sua. É o caso de La Chute (1956) de Camus."

Os Livros Ardem Mal

Os Livros Ardem Mal é um blogue sobre actualidade literária, a pretexto de livros recentemente publicados e discutidos mensalmente no Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra. Os participantes fixos (o painel residente) nesse debate mensal, que conta sempre com a presença de um convidado, são António Apolinário Lourenço, Luís Quintais, Osvaldo Manuel Silvestre e Rui Bebiano. Outros participantes incluem Ana Bela Almeida, Manuel Portela e Miguel Cardina.
Acerca do romance Doctor Glas, do sueco Hjalmar Söderberg, publicado em 1905 e traduzido recentemente para português, escreve Ana Bela Almeida que o livro"causou escândalo por apresentar um médico que defende a eutanásia e o aborto, práticas que apenas não exerce por hipocrisia, mas a questão da morte neste romance estende-se bem para além disto. O Doutor Glas nunca cederá às inúmeras súplicas de pacientes grávidas contra vontade; nem se pode chamar “eutanásia” ao que acontece. Quando Helga Gregorius o procura no consultório para que a ajude a livrar-se das atenções sexuais do clérigo Gregorius, o marido indesejado, e poder assim viver livremente o romance com o seu jovem amante, está longe de imaginar o alcance deste pedido. Está longe de saber que, para este homem solitário e virgem, que se define como um observador da vida dos outros, este será um chamamento à acção e, por assim dizer, à vida. Assistimos ao seu sofrido debate interior, e vemos como num processo próximo do de Raskolnikov de Dostoievski, surgem os argumentos contra e a favor do assassinato, e como toda a lógica o decide a agir. A defesa do amor dos dois jovens constitui, para o Doutor Glas, uma questão de vida ou morte. No entanto, o Doutor Glas, na sua inexperiência, não se apercebe da sua própria distância do sol. Não sabe que com a morte do clérigo, o amante de Helga rapidamente se desembaraçará desta para casar com outra, e que Helga acabará grávida, abandonada, sem nunca mais lhe dirigir palavra. O seu é um erro de cálculo que surge da inexperiência do amor, da distância que o leva a pensar o amor como uma questão de vida ou morte. "

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Polemicsin

Polemicsin, ou Shut Up (só para quem não tem mais nada para fazer), é o blogue da Raquel Ribeiro - e uma  lição para os bloguistas do 10º5. Parabéns, Raquel, aliás _When Angels Deserve to Die_, que publicou na quarta-feira, 23 de Janeiro, este poema sem título, in Aula de Geografia:


Uma manhã chuvosa acordava no seu olhar,
Longe do mundo a primeira gota
Brincou com uma suavidade salgada
A frágil pestana do seu olhar
Provando o sabor da gota que
Tão igual a coisa nenhuma
Era igual a tanta coisa.

Com inesperada tristeza, alegria e saudade
De quem só agora conhece o mundo,
A gota rolou com um novo rigor
E juntou-se aos seus companheiros
Na demanda por todos os novos sabores
Daquele novo mundo de amargura.

Eram assim as manhãs chuvosas do olhar
Que com amargurada tristeza
Procurava no pequeno coração
A renovada esperança
Que faria o sol brilhar de novo
Nas profundezas do seu olhar.


Ex-citação 5

«Na conhecida cidade italiana de M..., a Marquesa de O..., uma senhora viúva de excelente reputação, mãe de vários filhos bem educados, mandou publicar, em vários jornais, a seguinte notícia: que tinha engravidado, sem se dar conta; que era preciso que o pai da futura criança aparecesse e se identificasse; e que, por consideração para com a sua família, estaria disposta a casar com ele.»

B. Wilhelm Heinrich von Kleist, A Marquesa de O, Sintra: Colares Editora, p. 5.

(Quarta-feira, 6 de Fevereiro de 2008)


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Biblioteca online do conto

A revista Ficções tem disponível em linha uma biblioteca de contos clássicos e contemporâneos portugueses.

Ex-citação 4

«Ireneo começou por enumerar, em latim e em espanhol, os casos de memória prodigiosa registados pela Naturalis Historia: Ciro, rei dos persas, que conseguia chamar pelo nome todos os soldados dos seus exércitos; Mitrídates Eupator, que ministrava a justiça nos vinte e dois idiomas do seu império; Simónides, inventor da mnemotecnia; Metrodoro, que professava a arte de repetir com fidelidade o que ouvira uma única vez.»

Jorge Luís Borges, "Funes ou a memória", in Ficções, Lisboa: Editorial Teorema / Mediasat - Público, col. Mil Folhas, p. 96.

(Terça-feira, 5 de Fevereiro de 2008)


Nabokov, Gogol

No blogue Bilbiotecário de Babel, José Mário Silva apresenta a biografia de Nicolai Gogol, cuja edição portuguesa foi lançada pela Assírio & Alvim, dizendo que "A maioria das biografias começam pelo princípio. Vladimir Nabokov, na sua abordagem à vida e obra de Nikolai Gogol, começa pelo fim. Isto é, pela crua descrição dos últimos momentos do escritor, que morreu aos 42 anos, meio enlouquecido e massacrado pelos médicos que lhe aplicaram horrendas sanguessugas no nariz (o herói de várias das suas histórias)."

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Ex-citação 3

«Duas são as artes que podem guindar o homem às mais altas honrarias: uma, a de general; outra, a do bom orador. Esta conserva o esplendor da paz, a outra repele os perigos da guerra.»

Cícero, Defesa de Murena, 14.30, traduzido por Maria Helena da Rocha Pereira, in Romana. Antologia da Cultura Latina, Coimbra: Universidade de Coimbra, p. 23.

(Quarta-feira, 30 de Janeiro de 2008)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

A mais bela canção do mundo


É verdade que não podemos dizer que existe uma canção que é a mais bela canção, mas ouvindo a versão de Johnny Cash da canção "Hurt" de Trent Reznor, dos Nine Inch Nails, apetece pensar que seria esta - esta canção e esta versão, neste caso num filme do célebre director Mark Romanek.

Alberto Pimenta: o melhor espectáculo do mundo


Vídeo de Alberto Pimenta e Vítor Tavares, no Câmara Clara de 20 de Janeiro de 2008.

Ler consigo

O projecto Ler Consigo, uma iniciativa da Associação de Professores de Português (APP) cujo historial pode ser consultado em linha aqui, pressupõe o convite a alguém, muitas vezes exterior à escola, para ler um texto na sala de aula e promover a ideia de que ler não é crime e é mesmo muito importante. 

A página da APP informa que "em 2004 o projecto Ler Consigo juntou 350 turmas de 60 concelhos e de 4 países estrangeiros em centenas de leituras nas salas de aula e bibliotecas das escolas participantes. Em 2005 os números foram semelhantes (293 turmas em 53 concelhos e 7 países estrangeiros). Autarcas, vizinhos, empresários, encarregados de educação, militares, ministros, membros do clero, diplomatas, deputados e eurodeputados, antigos alunos e estudantes voltaram à escola para ler os textos que escolheram e para transmitir o gosto pela leitura."

Depois da leitura do texto em voz alta (10 a 20 minutos), o convidado poderá justificar a sua escolha, conversar com os alunos sobre a leitura efectuada ou sobre o papel da leitura na sua vida - e os alunos podem ler também um texto à pessoa convidada. 

Neste pressuposto, há várias decisões a tomar:
- quem vamos convidar para uma sessão de Ler Consigo num dos dias da Semana Cultural?
- que dia (12, 13 ou 14 de Março) devemos escolher e a que horas, ou fazemos a sessão coincidir com o dia e a hora da aula de Português?
- quem fica encarregado de escrever um convite em nome da turma?
- que texto vamos escolher para ler ao nosso convidado e porquê?
- quem vai ler o texto?

As reacções e as respostas podem ser escritas em COMENTÁRIOS, no fim desta mensagem.

Ex-citação 2

«Um romance é um biombo: a gente despe-se por detrás. Isto [o diário] não. Mesmo que não falemos de nós (é-me difícil falar de mim). Aliás como os outros, desconheço-me. Talvez, também porque me evito. A verdade é que, quando me encontro bem pela frente, reconheço-me intragável.»

Vergílio Ferreira, Conta-Corrente I, Lisboa: Bertrand, p. 11.

(Terça-feira, 29 de Janeiro de 2008)


terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Ex-citação 1

«Enquanto lhe preparavam a cicuta, Sócrates pôs-se a aprender uma ária na flauta. 'Para que te servirá?' perguntaram-lhe. 'Para saber esta ária antes de morrer'».

Cioran, citado por Italo Calvino, in Porquê Ler os Clássicos, Lisboa: Teorema, p. 13.

(Segunda-feira, 28 de Janeiro de 2008)

domingo, 27 de janeiro de 2008

Avaliação do debate

Na quarta-feira, das 8h15 às 9h45, no Centro de Recursos, temos o debate dos livros do contrato de leitura. Como sabem, o debate será moderado pelos alunos, o que significa que os professores não vão intervir. No caso do 10º5 a moderadora é a Raquel Simões.

A avaliação da participação dos alunos terá em conta três parâmetros: 
- a apresentação que cada aluno fará do livro que leu, pondo em destaque as suas características mais relevantes e fundamentando a apreciação que faz da obra, referindo pelo menos uma citação que justifique essa apreciação (70%); 
- as respostas às perguntas dos colegas, desenvolvendo de forma completa e satisfatória o tópico sugerido (20%); 
- o respeito pelas regras de funcionamento de um debate, intervindo a propósito e de acordo com as indicações da moderadora (10%). 

A intervenção no fórum Goodreads (www.goodreads.com) será tida em conta na nota final: um valor pela participação com classificação do livro (de uma a cinco estrelas) e dois valores pela publicação de um comentário acerca da obra - com fundamentação das razões por que se gostou mais ou menos da obra lida!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Debate de quarta-feira: quem lê o quê?

A moderação do debate será feita pela Raquel Simões. A lista dos livros e a sequência das intervenções e das perguntas pode ser vista nesta sequência: 


DEBATE NO CENTRO DE RECURSOS – 10º5 – 30.1.2008


1 – Primo Levi, Se Isto É um Homem, Lisboa: Público, col. Mil Folhas
2 – Torey Hayden, A Criança Que Não Queria Falar, Lisboa: Ed. Presença
3 – Marguerite Yourcenar, Contos Orientais, Lisboa: Pub. Dom Quixote
4 – José Eduardo Agualusa, Passageiros em Trânsito, Lisboa: Pub. Dom Quixote
5 – Isabel Allende, Inés da Minha Alma, Lisboa: Difel
6 – Gabriel Garcia Marquez, Cem Anos de Solidão, Lisboa: Pub. Dom Quixote
7 – Mário-Henrique Leiria, Contos do Gin-Tonic, Lisboa: Ed. Estampa
8 – José Saramago, O Conto da Ilha Desconhecida, Lisboa: Ed. Caminho


Discussão dos livros lidos em www.goodreads.com


MODERADORA: Raquel Simões

Autor lido - Aluno que apresenta o livro > Questão 1 - Questão 2

1 PL - Nuno Malheiro > Raquel Ribeiro - Inês Fortes
2 TH - Sónia Cantarelo > Filipa Melo - Elisabete Rodrigues
3 MY - Luís Ferreira > Luís Outeiro
3 MY - Raquel Simões > Ana Margarida - Bruna Gonçalves
4 JEA - Inês Fortes > Tamara Vicente - Raquel Simões
4 JEA - Tamara Vicente > Inês Fortes - Helena Carapinha
5 IA - Joana Monteiro > Sara Nunes - Inês Fortes
5 IA - Sara Nunes > Joana Monteiro - Raquel Simões
6 GGM - Raquel Ribeiro > Sara Pereira - Joana Monteiro
6 GGM - Sara Pereira > Raquel Ribeiro - Helena Carapinha
7 MHL - Ana Margarida > Tamara Vicente - Domingas Mbozo
7 MHL - Bruna Gonçalves > Ruthermassy Neto - Áuria Macrão
7 MHL - Filipa Melo > Sónia Cantarelo
7 MHL - Domingas Mbozo > Ruthermassy Neto - Nuno Malheiro
7 MHL - Ruthermassy Neto > Domingas Mbozo - Bruna Gonçalves
8 JS - Áuria Macrão > Fábio Evaristo - Telma Capita
8 JS - Elisabete Rodrigues > Sónia Cantarelo
8 JS - Fábio Evaristo > Telma Capita - Sara Pereira
8 JS - Helena Carapinha > Áuria Macrão - Nuno Malheiro
8 JS - Telma Capito > Fábio Evaristo - Sara Nunes
8 JS - Luís Outeiro > Luís Ferreira
8 JS - Ricardo Silva
8 JS - André Rebelo



quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Ler não é crime

O blogue do Centro de Recursos, onde se encontra um arquivo dos debates anteriores, e muitas fotografias, encontra-se aqui.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Primo Levi

A página da Associação Primo Levi pode ser consultada aqui. Uma boa fonte de informação acerca deste escritor italiano que foi prisioneiro em Auschwitz-Birkenau pode ser encontrada na página, em francês, das Séries Littéraires, onde podemos aceder a vários estudos sobre a obra Se Isto é um Homem.

Isabel Allende

Isabel Allende, a autora de Inês da Minha Alma, tem uma página oficial que pode ser encontrada aqui e onde podemos saber mais sobre a sua vida e obra, onde podemos encontrar as suas ideias expressas em entrevistas e discursos, onde podemos ver uma pormenorizada linha do tempo, encontrar fotografias do seu álbum privado e aceder à página da sua Fundação, que homenageia a irmã, Paula Frias, que morreu em Dezembro de 1992, com apenas 28 anos.

Gabriel García Marquez

O escritor João de Melo escreveu na página do Instituto Camões uma reflexão sobre Gabriel García Marquez e o realismo mágico latino-americano que pode ser encontrada aqui.
A Wikipédia também tem uma página bem informada sobre o Prémio Nobel da Literatura de 1982.
Acerca de Cien Años de Soledad, que Pablo Neruda considerou o melhor livro escrito em castelhano desde o Quixote, o melhor é lê-lo com um caderno e um lápis para irmos acompanhando a árvore genealógica das sete gerações da família Buendía!

José Eduardo Agualusa

"Um índio peruano atravessa lentamente, numa velha bicicleta, a imensa solidão do Sul de Angola. O que faz ali? Um diplomata angolano desaparece em Brasília como se nunca tivesse existido. Terá realmente existido? Na ilha de Moçambique um estranho estrangeiro tenta esquecer quem foi para melhor ser esquecido. Conseguirá eludir o passado? São Passageiros em Trânsito (como todos nós), mas nenhum conhece realmente o seu destino. Vinte contos para viajar."
Este é o texto da contrakapa da página de José Eduardo Agualusa, quando acedemos a contos e depois escolhemos Passageiros em Trânsito. Esta página pode ser consultada em português, inglês, alemão e francês e nela podemos aceder a informações sobre o autor e a sua obra, acompanhar as novidades e mesmo ver algumas fotografias.
Na ligação para as novidades ficamos a saber que o autor de Fronteiras Perdidas vai estar na Casa Fernando Pessoa, no dia 31 de Janeiro, às 21h30, para discutir o acordo ortográfico com o escritor Vasco Graça Moura, o editor Nelson de Matos e os linguistas Ivo Castro e Malaca Casteleiro.

Mário-Henrique Leiria

Mário-Henrique Leiria é apresentado por Fernando Correia da Silva na página das Vidas Lusófonas, que é um portal que tem actualmente disponíveis 109 biografias de autores lusófonos.

José Saramago

Ainda no Projecto Vercial, uma página sobre José Saramago, com ligações para outras páginas, sobre a vida e a obra do Prémio Nobel da Literatura de 1998.

Miguel Torga

O Projecto Vercial é a maior base de dados em linha sobre literatura portuguesa. Podemos encontrar aqui uma síntese biográfica sobre Miguel Torga, as suas obras e algumas ligações para outras páginas sobre o autor.

Isto, sim, é cultura e da boa!

A parte final do vídeo do debate na Câmara Clara entre Alberto Pimenta e Vítor Silva Tavares pode ser encontrado aqui. Assim que todo o debate esteja disponível em vídeo, esta ligação será actualizada.
O pequeno excerto, que é uma espécie de posfácio, servirá para abrir o apetite para o resto da conversa e poderá alimentar alguns comentários?

Os gatos pequenos têm gmail?


Acabei de acrescentar uma ligação para o endereço da Câmara Clara, onde este domingo à noite pudemos assistir a um debate entre o poeta Alberto Pimenta (um verdadeiro clássico que subverte as regras do classicismo) e o editor da & Etc, Vítor Silva Tavares, que editou algumas obras de Alberto Pimenta, entre as quais o livro Marthiya de Abdel Hamid, que Manuel de Freitas considerou o melhor livro de poesia publicado em 2005. Este debate terminou com os convidados a molharem literalmente um pão na sopa que a produção lhes trouxe, ou não fosse o debate sobre a marginalidade (ou a pretensa marginalidade) na literatura e na arte, em geral.
Esse gesto de 'comer a sopa dos pobres' acaba por fazer uma alusão a algumas célebres performances realizadas por Alberto Pimenta, como colocar-se numa jaula no Jardim Zoológico de Lisboa ou sentar-se no passeio, no Chiado, literalmente dentro de uma saca, junto a uma placa em cartão que dizia "vende-se".
 
Destes dois convidados de Paula Pinheiro, que conhecem a história da literatura como poucos, não podemos dizer o que Alberto Pimenta diz dos gatos pequenos no poema 13 desse livro de 2005:
Continuam
A andar à volta
De si mesmos
Como
Os gatos pequenos
Quando
Perderam a mãe.

Alberto Pimenta, Marthiya de Abdel Hamid, Lisboa: & Etc., p. 26.




terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Uma experiência

O que acontece quando um segundo autor cria uma mensagem neste blogue? Certamente, uma experiência enriquecedora de palavras cruzadas...