segunda-feira, 7 de abril de 2008

Indie Lisboa

Indie Lisboa, estavam à espera de quê?
Podem consultar aqui o programa do festival de cinema independente de Lisboa e um dos festivais mais importantes de Portugal. As sessões têm lugar no Fórum Lisboa, no Teatro Maria Matos e nos cinemas Londres e São Jorge, de 24 de Abril a 4 de Maio.
O programa inclui filmes (longas e curtas-metragens) em competição internacional e nacional e várias secções: Observatório (onde passa o filme de Jorge Silva Melo sobre o pintor-escritor Álvaro Lapa, falecido em 2006), Laboratório, Herói Independente (onde passam filmes do cineasta Johnnie To, de Hong-Kong, do espanhol José Luis Guerín e do "novo cinema romeno"), IndieJúnior (longas e curtas para os mais pequenos, incluindo o filme dinamarquês Professora Extraterrestre, de Ole Bornedal), Director's Cut e IndieMusic (onde passam documentários sobre vários músicos e grupos, entre os quais Joe Strummer, Joy Division, Lou Reed, Patti Smith ou Scott Walker - deste músico, "veja-se" a tensão dramática de uma canção como "Jesse", enquanto canta "I'm the only one left alive...":
Um filme a não perder!

(De Scott Walker diz João Lisboa o seguinte, no seu blogue Provas de Contacto, em 29 de Setembro de 2007: "Machado de Assis, no capítulo LXXI de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), coloca na pena do seu defunto protagonista as palavras: "O livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contracção cadavérica, vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer e o livro anda devagar; tu amas a narrativa direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...".
Entre inúmeras outras conclusões possíveis e (talvez bastante mais) necessárias, ensaiemos uma, certamente menor mas esclarecedora: numa atmosfera global "clean cut", socialmente anestesiada e cientificamente "esvaziada a partir do interior", o que poderá existir senão uma imensa massa de "maiores defeitos" para acolher um álbum como, por exemplo, The Drift, de Scott Walker, que exala o odor da peste, urra, gargalha, guina à esquerda e à direita, ameaça o céu e nos enfia o horror do mundo pelos olhos dentro?")

A comparação entre Scott Walker e Machado de Assis é tanto mais pertinente quanto se comemora em 2008 os 100 anos da morte do autor de Dom Casmurro, a que voltaremos neste blogue.

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